O bico de pauta
- Lorenzo Ellera
- 20 de ago.
- 1 min de leitura
Houve um tempo em que o fluxo de uma agência de publicidade pulsava no ritmo apressado de um ser mítico chamado tráfego.
Era ele o maestro da desordem criativa, o cuidador dos prazos, o mensageiro das más notícias (“o cliente adiantou a reunião”, “vai ter que refazer tudo”) e, sobretudo, o carregador oficial de jobs de um lado pro outro.
Poderíamos chamar de Bico de Pauta, sempre dando uma bicada no andamento do trabalho: “E aí, já terminou?”, “Tem que subir pro atendimento”, “Vai rodar amanhã cedo!”.
Circulava entre setores – atendimento, planejamento, criação, mídia, produção e mantinha tudo de "pé e andando".
Era a personificação do prazo, a presença física da urgência, o relógio humano.
Ninguém sabia direito de que departamento ele era. Talvez fosse do tempo. Mas todos respeitavam seu andar apressado e o barulho seco das pastas batendo nos corredores.
Hoje, com e-mails, plataformas e planilhas automáticas, o tráfego virou notificação dentro de um sistemas...
Mas há quem ainda sinta, entre um clique e outro, a falta de alguém que, com olhos atentos e passos firmes, cuidava para que tudo acontecesse.