A filosofia da Escola Evangélica de Berlim (ESBZ, na sigla em alemão) é preparar os alunos para o mercado de trabalho a partir de disciplinas que incentivem a confiança e a autonomia do estudante.
A instituição está demonstrando, na prática, que é possível renovar o sistema educacional sem prejudicar a qualidade do ensino.
O propósito maior da metodologia é preparar os jovens para lidar com as mudanças da sociedade e do mercado de trabalho.
Os assuntos são divididos em módulos e não mais por matérias; além disso, as aulas misturam várias séries – os alunos do 7°, do 8° e do 9° anos aprendem juntos.
Os estudantes mudam continuamente entre ser aprendiz e professor (isso mesmo!!), e os alunos mais velhos aprendem a ajudar os mais novos (o que lhes permite avaliar os conhecimentos já adquiridos).
Como a aprendizagem é autoestimulada, a escola tornou-se naturalmente inclusiva. Em todas as salas, há crianças com autismo e com dificuldade de aprendizagem leves ou graves.
Cada aluno tem um diário de bordo, em que registra o que realizou. Não é um vale-tudo.
Há expectativas claras do que se espera no final do ano. Toda criança tem uma reunião individual por semana com seu professor-tutor. Juntos, eles discutem o progresso feito durante a semana e os planos para a próxima semana. Graças a essas discussões individuais semanais, professores e alunos se conhecem num nível muito mais profundo do que nas escolas tradicionais. As crianças sabem: alguém se preocupa comigo, alguém está aqui para me ouvir.
Uma questão fundamental é que os alunos são estimulados a trabalharem suas “fraquezas”. Por exemplo: um garoto de 13 anos definiu o objetivo de se tornar mais confortável quando observado pelos outros. Uma das coisas que ele queria era aprender a falar em público. E para isso ele foi dar aulas de xadrez (que tanto amava e dominava) para a educação infantil. Cada um compartilha com colegas o que sabe e o que não sabem, assim todos cooperam para um aprendizado comum.
As grades curriculares têm um “desafio”. Os alunos são convidados a explorar algum potencial interno que está adormecido e durante o ano organizam e se preparam para esse desafio. Um grupo de quatros alunos se preparou para três semanas na floresta onde moraria em um abrigo construído por eles. Outros estudantes atravessaram a Alemanha juntos com pouco dinheiro tendo que pedir comida e abrigo ao longo do caminho. Em matemática, os alunos têm as suas habilidades testadas codificando jogos de computadores, em vez de ter provas da matéria.
Quando foi inaugurada, a ESBZ tinha apenas 16 alunos. Atualmente, a instituição tem 500 alunos matriculados e existe uma lista de espera com novos interessados em estudar na escola. E o mais interessante: as melhores notas na avaliação nacional (junto com as escolas tradicionais).
Fonte: LALOUX, Frederic. Reinventando as organizações. Curitiba, 2017.
Comments